quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Abram caminho!


 Nos último tempos, venho prestando pouquíssima atenção à canção, especialmente à canção brasileira. Os motivos para o desinteresse incluem falta de tempo, preguiça e a impressão de que os alardeados novos cancionistas tendem a chover no molhado. Por isso, se tiver que escolher entre uma faixa instrumental freak de 50 minutos e um disco de canções da mesma duração, vou direto à primeira opção. A não ser que a segunda alternativa seja o Metá Metá.

Grupo paulistano formado pelo violonista Kiko Dinucci, pelo saxofonista Thiago França e pela cantora Juçara Marçal, lançou seu debut fonográfico no ano passdo (quem quiser ouvir, recomendo baixar o app Bagagem, que traz o disco com encarte e vídeos).

A matéria-prima principal do trio é a tradição afro-brasileira e também dá para notar uma influência bem forte da Vanguarda Paulista. No disco de estreia, as canções são acústicas e, em sua maioria, primam pela delicadeza e pelos arranjos econômicos - com exceção de Obá Iná, que é onde a coisa fica BEM QUENTE. Mas, em geral, é um trabalho bonito e que eu admiro muito, mas que não chega a dar aquele nó nas minhas vísceras e sobre o qual você provavelmente não leria aqui no blog.

Até que, há alguns meses, pintou o vídeo ao vivo de uma música nova do grupo, que sairia no segundo álbum, batizado de MetaL MetaL - e foi aí que a coisa começou a enroscar daquele jeito que eu adoro:


Metá Metá: LAROIÊ EXU - ao vivo no ECLC from Olho on Vimeo.

Eis que ontem o Metá Metá soltou no SoundCloud uma faixa desse novo trampo e... bom, OUÇAM:

Oya - MetaL MetaL by Metá Metá
 
O que mais me chamou a atenção foi a habillidade em intercalar o fino trato do álbum anterior (que voz bonita e sem floreios tem a Juçara Marçal, meu deus!) e um peso mezzo rock barulhento mezzo free jazz. E não falo somente da ideia de misturar as duas coisas e sim da passagem de um extremo para outro, feita como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Já ouvi essa música umas cinco vezes hoje e em todas elas quase tive um orgasmo na parte em que a guitarra (a eletricidade e a distorção são novidades no som dos caras, aliás) e o sax fazem o inferno enquanto Juçara entoa o refrão repetidas vezes, ali pelos 3 minutos e meio. Se algumas músicas perdem o impacto após algumas audições, esta parece ficar cada vez melhor - e resistir ao desgaste da repetição não é tarefa fácil, covenhamos.

Agora resta esperar pelo disco completo.

ÃPDÊITI dia 7 de novembro: O álbum já saiu e está disponível pra download em 320k no site do Kiko Dinucci.



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