sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Off-topic: sobre o prazer de ouvir música ruim

Isso acontecia comigo na época em que eu me dedicava 100% à música (como musicista mesmo, não como ouvinte/aspirante à cricrítica): chegavam as férias, eu só queria ouvir música ruim. Com essa maluquice toda de TCC sobre Itamar Assumpção, eis que voltou essa mania. Não tenho vontade nenhuma de escutar os álbuns do Swans, Lou Reed e Funkadelic que eu baixei ou os LPs do Tom Jobim e do Milton Nascimento que eu comprei. Quero mesmo é entrar no youtube e ficar vendo hits trash dos anos 80 (tipo esse, esse ou ainda esse). Mas o que anda me assustando mesmo é o desejo de ouvir hard rock farofa. No caso do Extreme, do Guns e do Skid Row eu ainda tenho a desculpa do Nuno Betencourt, do Axl Rose ou do Sebastian Bach (pois, é claro, só ouço as músicas devidamente acompanhadas de clipes), mas o que posso alegar em minha defesa quando estou viciada em uma música do DEF LEPARD???

Desviando o foco do meu umbigo um pouco, me pergunto: será que música ruim desestressa? Levando em conta que todos esses artistas que eu citei fazem música totalmente tra-la-la, não usam dissonâncias ou barulhos e ainda criam umas melodias e uns refrões que grudam mais que chiclete em cabelo, será que música ruim desestressa justamente por só exigir do ouvinte que ele bata os pezinhos e cante junto?

Agora imagine só... você trabalhou o dia inteiro em algum serviço desgraçado tipo lavar banheiro ou vender cartões de crédito por telefone, depois ficou duas horas no ônibus até chegar em casa. Quando você pode finalmente se estirar no sofá e aproveitar os poucos momentos do dia em que pode fazer o que der na telha, você vai querer ouvir Einstürzende Neubauten ou A-Ha?

Fica a questão.

sábado, 1 de agosto de 2009

A arte de cagar em uma obra-prima

Me livrei de ter que tatuar BECK na testa, porque Heroin ficou uma merda. Merda. MERDA:

Record Club: Velvet Underground & Nico "Heroin" from Beck Hansen on Vimeo.

Quando se vai reinterpretar uma música, há algumas coisas da original que devem ser respeitadas. Uma delas é a letra (ainda mais quando é uma letra como a de Heroin...), e o carinha aí errou quase tudo. No caso específico de Heroin, há um outro "detalhe" que deveria ter sido preservado: a estrutura da música representa um pico de heroína. Ela começa lenta, aí a coisa vai acelerando, chega no caos total e depois começa a desacelerar e a voltar ao normal. Na versão do Record Club, foi porrada quase do começo ao fim. E isso tirou toda a força da música, acabou com a relação forma e conteúdo tão importante e bem-feita na original.

Outra coisa que me deixou especialmente puta foi ver os caras rindo e fazendo a coisa de qualquer jeito. Como alguém consegue rir em uma das músicas mais tensas da história do rock? E cadê o Beck pra botar ordem nessa bagaça? Foi passar umas férias no Caribe e deixou um bando de incompetentes cagar em uma obra-prima?